Poucas pessoas sabem que antes de qualquer construção civil, como estradas, túneis e outras grandes obras, está por trás um geofísico. Carreira pouco conhecida e bem remunerada, já é bastante explorada no mercado de trabalho e cada vez mais vem ganhando adeptos.

Apesar do grande boom na carreira, não é fácil ingressar no mercado. Poucas universidades do País disponibilizam este curso, que a cada ano se torna mais competitivo, apesar do aumento no número de vagas devido ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

O programa, que foi lançado em abril de 2007 pelo Governo Federal, tem o objetivo de expandir as vagas para estudantes de graduação no sistema federal de ensino superior em todo o território brasileiro. Foi o caso da Universidade Federal Fluminense (UFF), que antes do projeto disponibilizava 20 vagas. Hoje em dia são oferecidas 42 vagas por turma.

Atualmente, somente a UFF disponibiliza o curso de geofísica no Estado do Rio. Durante a graduação, que dura cinco anos, os alunos podem optar entre as habilitações de geofísica de exploração e geofísica marinha e ambiental. Outros cinco campos também permitem que o aluno possa atuar na exploração de petróleo, estudo de água subterrânea, engenharia geotécnica, monitoramento do meio ambiente e sismologia básica e aplicações.

Outras seis universidades públicas do País também disponibilizam o curso, entre elas, a Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade de Brasília (UnB).

Parte do aquecimento no mercado se deve a boa remuneração, que pode variar de
R$ 3.270 a R$ 7 mil. Os concursos públicos e vagas no ramo do petróleo, em geral, na camada do pré-sal no litoral brasileiro, também têm chamado bastante a atenção das pessoas que pretendem investir na área.

Atualmente, a Petrobras possui 723 geofísicos espalhados por todo o território nacional.  Apesar de não haver uma periodicidade definida sobre as aberturas dos editais, já que é uma empresa pública, todos os empregados são admitidos através de processos seletivos.

Geralmente as vagas são destinadas para as áreas de exploração do petróleo e no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). As atividades são diversas, entre elas, levantamentos e análises geológicas e geofísicas, elaboração de mapas e relatórios técnicos e científicos.

Como há bacias no litoral, a perspectiva é que essas vagas aumentem; principalmente em áreas que já foram comprovadas a existência de petróleo, como Espírito Santo e São Paulo.

Diferente da grande maioria das universidades, o curso de Geofísica da UFF só possui oito anos. Com apenas três turmas concluídas, todos os 57 alunos que terminaram a graduação deixaram a instituição empregados, como conta a coordenadora do curso da UFF, Eliane da Costa Alves.

“Nós já formamos 57 profissionais e nenhum deles está desempregado. Pelo contrário, alguns chegaram a nos procurar pedindo para colar grau antecipado devido ao emprego. Dois ou três alunos foram trabalhar no Nordeste e grande parte ficou no Estado do Rio. Eles viajam bastante, embarcam em navios, mas os principais polos estão aqui. Principalmente na prospecção e exploração do petróleo”, conta Eliane.

Muitos alunos não sabem ao certo o que faz um geofísico quando iniciam a faculdade.

“O curso é integral e possui muitas disciplinas. Desde o primeiro semestre os estudantes participam de pelo menos duas disciplinas práticas; ou seja, vão a campo pelo menos quatro vezes por semestre. Nestas viagens os alunos fazem pesquisa, recolhem dados e fazem relatórios. Pelo motivo de desde o início eles terem o contato com a prática junto com a teoria, e também devido ao grande número de matérias, nós, professores, recomendamos que eles só comecem o estágio a partir do sétimo período (ao todo são dez). Porque eles ganham experiência e o estágio não vai interferir na carga horária das disciplinas”, detalha a professora.

Para ingressar na carreira é preciso uma boa base de matemática, física e habilidade para trabalhar com computadores. Mas não para por aí. Também é preciso criatividade e disponibilidade para trabalhos de campo, na terra e ou no mar.

Mesmo sabendo das condições que são exigidas, as alunas de geofísica da UFF, Erika Lajtman e Gabriela Esteves Alves, ambas com 20 anos, ingressaram no curso. Erika fez algumas pesquisas sobre a carreira e acabou se interessando pela área.

“Ainda não sei ao certo a área que quero seguir. A princípio, pretendo prestar concurso público”, contou a estudante, que diz já ter participado de diversas viagens pelo curso.
Desde o início do pré-vestibular Gabriela tinha o sonho de cursar a faculdade de Engenharia